"O Brasil é um adolescente com roupas apertadas, que precisa dar um salto para a maturidade. Vivemos um momento positivo, mas não se pode dormir em berço esplêndido", afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ontem à tarde, na sede da Associação Comercial e Empresarial de
Maringá (Acim), onde falou rapidamente com empresários.

No local, FHC lembrou que esteve em Maringá na década de 60 e elogiou o crescimento da cidade e da Acim. Nos 15 minutos que conversou com os empresários, FHC também afirmou que o País precisa passar po r uma mudança estrutural de qualidade.

"A diferença de um País como o nosso com a Espanha, por exemplo, é a qualidade. Aqui, os hospitais existem, mas a população se queixa porque o atendimento é ruim. As escolas existem, mas a população se queixa por que o ensino é ruim. Chegou o momento de ter uma mudança na qualidade, que é um problema mais difícil de se identificar do que o da quantidade", considerou.

O discurso na Acim foi uma prévia do que falaria na palestra em homenagem aos 58 anos da associação. FHC reforçou a necessidade de se aumentar a produtividade brasileira para competir no mercado mundial, falou da necessidade em se reduzir impostos. "Ninguém do governo gosta, mas vai ter que fazer."

O ex-presidente também lembrou da importância em se retomar as discussões sobre o sistema previdenciário brasileiro e sobre o custo Brasil, além do retorno, ainda tímido, do fantasma da inflação, controlada durante a criação do Plano Real.

FHC também defendeu que é preciso discutir melhor a questão da China, que se transformou nos últimos anos numa das maiores economias mundiais. "É um País que ajudou a economia do Brasil e de muitos outros países. A China é o (no momento) presente", disse.

Para o ex-presidente, a sociedade precisa se mostrar mais ativa em relação ao Brasil e aproveitar o momento atual do País. "O governo precisa negociar mais e debater mais com a sociedade brasileira, que amadureceu. Temos uma agenda positiva pela frente e a sociedade precisa se mostrar mais ativa e participar", diz.